“Duas coisas me enchem de espanto e admiração: o céu estrelado fora de mim e a lei moral dentro de mim.” (Kant)

sábado, 28 de junho de 2008

Partidos Politicos.

Com certeza, qualquer brasileiro que se interesse por política já ouviu ou leu alguma avaliação “abonadora” sobre os partidos políticos aqui existentes. É comum dizer-se que no Brasil eles não funcionam, não atuam na política do dia-a-dia, não olham para a sociedade e suas necessidades mais prementes. E que seus integrantes, como deputados e senadores, representam a si mesmos, pois olham somente para os próprios interesses e ignoram os programas e as ideologias das suas próprias organizações políticas. Numa linguagem bem a gosto do torcedor de futebol, comenta-se que os deputados e senadores, a toda hora, vestem qualquer camisa, não importando o clube, desde que polpudos ganhos estejam garantidos no fim de tudo.
Ainda que esse arrazoado sirva para muitos, obviamente não se aplica a todos os representantes políticos brasileiros. É preciso uma importante complementação: a quem interessa que os partidos políticos sejam assim, fracos na representação da sociedade, sem definição política e ideológica? Por que esse problema que vem do período imperial permanece nos dias atuais?
Os partidos políticos que surgiram com a sociedade moderna no século XIX são importantes instrumentos de luta, de reivindicação, de transformação social, de conquista e ampliação de direitos civis e políticos de toda a sociedade.
As forças sociais organizam-se politicamente em partidos para mudar ou manter a ordem social, o sistema econômico, a vida urbana ou rural, para obter privilégios e status através da conquista do poder político, ou até mesmo simplesmente para impedir que outros venham a obtê-los.
Nos dias atuais os partidos políticos criam estruturas enormes, compostas por funcionários que tratam do orçamento financeiro da organização, de arrecadar recursos e que se responsabilizam pela propaganda e publicidade da organização e de seus principais membros (lideranças). Contam com formadores de quadros intelectuais e especialistas no recrutamento de novos militantes. Na acepção da palavra, os partidos atuais são maquinas políticas especializadas na conquista do poder político do Estado.
No Brasil nunca foi, e ainda não é assim, na medida em que a nossa história foi se fazendo com muitas diferenças em relação à européia, ou à norte americana. O capitalismo tardio e a sociedade escravocrata ou excludente fizeram da vida política um espaço de atuação para poucos e que dispensa a participação das classes médias no poder político.


“Nada corroí mais o espírito do cidadão participante que o indiferentismo dos que cultivam o seu Particular.” (Norberto Bobbio – O Futuro da Democracia, pg. 69)

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